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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Da Baixa ao Castelo

Lisboa é a segunda melhor cidade do mundo, numa lista muito pessoal, preconceituosa e limitada como devem ser todas as listas deste género. Por causa do gosto de tirar fotografias, tenho vindo a descobrir mais a cidade e até a gostar mais dela. Escrever sobre Lisboa na perspectiva de um turista doméstico, espécie inócua de espião infiltrado, não é fácil. Mas, a propósito de uma saída fotográfica, a Susana lançou-me esse repto e eu não quis deixar de o aceitar.

A minha anarquia mental impede-me de descrever detalhada e factualmente o percurso que fizemos no Domingo. Em traços gerais, subimos da Praça da Figueira pela vertente oeste da colina do Castelo, a irmã borralheira das vaidosas colinas de Santa Catarina e de São Roque que se erguem do outro lado da Baixa e que colhem as preferências dos visitantes forasteiros, atraídos pelos encantos do Bairro Alto e do Chiado.


Esta colina ou melhor, esta vertente da colina, não é gaiteira como as suas irmãs que se alindam para os estranhos. Não. Estas ruas, vielas, becos, travessas e escadinhas existem para quem lá vive. É possível percorrer ruas inteiras sem encontrar uma única loja, bar ou esplanada para turistas. Estas ruas exibem roupa estendida (muita), alguns vizinhos a conversar e velhotes nas janelas. Também encontramos casas devolutas (tapadas até ao pescoço), carros estacionados nos limites da legalidade (e da possibilidade física) e grafítis sem gosto. Faz parte de Lisboa e, se esta colina falasse, era disso que se ia queixar, em lamúrias que fariam lembrar as das velhotas que lá vivem, sobre as maleitas que lhes apoquentam a idade.




Por este lado não se entra no Castelo. Tem que se contornar o topo da colina até encontrar a entrada e nós fizemo-lo pela esquerda o que, vejo agora, é o caminho mais longo. É mais longo mas vale a pena. Fez-nos passar pelo Largo com o nome mais patusco de Lisboa, e cuja origem vale a pena conhecer em http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/jardim-das-pichas-murchas . Através da rua de S. Vicente, chega-se às mais cosmopolitas Portas do Sol, onde os eléctricos se movimentam em manobras dignas da Space Mountain.



Os moradores das ruas que nos levam até ao Castelo são simpáticos como as casas em que habitam e que parecem ter sido arquitectadas por crianças tal é a semelhança com os desenhos que estas fazem. Mesmo ostentando a necessidade de alguns retoques, são bonitas, com portas pequenas e janelas onde espreitam cabeças que sorriem e nos falam se lhes dermos atenção.

Os seguranças do castelo é que não devem ser de lá. Desconfia-se que moram em Rio de Mouro ou outro subúrbio igualmente lúgubre e que são treinados para evitar qualquer contacto humano. Felizmente não são todos assim. O segurança que tem a missão de vigiar o portão da entrada é simpático e, apesar de já estarmos a sair depois da hora, foi cordial. Após uma curta conversa em que fiz uma entrada a pés juntos nas canelas da História de Portugal (digna de um cartão vermelho) ao perguntar onde é que Egas Moniz se tinha entalado, deixou a “minha esposa” segurar a chave do castelo enquanto eu a fotografava. A foto não presta mas é uma boa recordação de uma tarde de Inverno bem passada. E turista que se preze não resiste a um souvenir.

2 comentários:

  1. Até que enfim que estou a conseguir ler os teus escritos e ver as tuas fotos, João! Adorei! Isto está simplesmente genial, não só pela riqueza das fotos, como pelo teu estilo de escrever, a que acho uma graça particular! :-) Continua, que o país agradece! Que lufada de ar fresco no meio de tanta coisa podre!!! Sharon

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