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sábado, 2 de junho de 2012

A Torre de Lisboa


Nos périplos de turistas na nossa própria cidade não temos dado grande atenção ao que os habituais visitantes costumam ir ver, salvo uma ou outra excepção. Por mim falando, tal acontece porque não sou fã de confusões e como a maioria dos passeios é feita ao fim-de-semana, os monumentos mais turísticos costumam estar demasiado cheios para o meu gosto, prejudicando não só a minha sanidade mental, como também as próprias fotografias. Mas no último Sábado resolvi levar a minha filha à Torre de Belém, aproveitando a curiosidade e a sede de conhecimento tão característicos dos seis anos de idade, o primeiro fim-de-semana sem chuva dos últimos meses e os últimos momentos livres que vou ter nos próximos tempos. 

Depois de ultrapassar a habitual dificuldade que é estacionar o carro por aquelas bandas, lá fomos as duas rumo à beira-rio. A maré estava baixa e o som das pequenas ondas nas pedras da amurada era abafado pelos sons dos instrumentos de um músico peruano e pelo triste gemido da concertina de um rapaz, que procurava ganhar uns trocos com a ajuda do seu pequeno cão, fiel portador da caixinha das moedas, que me pareceu ser mais uma garrafa de plástico cortada e atada ao pescoço do animal.   


Atravessado o passadiço que permite o acesso à Torre quando o rio sobe, resta passar pela ponte levadiça, outrora fundamental para que os defensores de Lisboa pudessem proteger a nossa cidade de invasores e piratas. Para isso serviam os canhões expostos no baluarte, dezassete segundo se pode contar, que disparavam contra os inimigos, enchendo a sala de fumo, escoado pelo pequeno claustim central à sala redonda de tectos abobadados. 


Por cima desta sala estende-se o imponente terraço que, apesar da beleza da pedra bem trabalhada por mestres de há tantos séculos, era ele próprio a segunda linha de defesa da Torre.



E começou então a odisseia das escadas em caracol. Não sou nada fã - fico com vertigens e claustrofobia ao mesmo tempo -, por isso tenho que admitir que subir todos aqueles andares com uma criança pela mão e outra dentro de uma barriga cada vez mais gigantesca foi no mínimo uma temeridade. Mas não há outra maneira de chegar às salas que se vão sobrepondo - sala do governador, sala dos reis, sala de audiências e capela -, nem às janelas e varandas que se vão multiplicando pelos vários andares e que nos mostram uma vista absolutamente espantosa sobre o nosso amado Tejo e um pouco mais além.


E chega-se por fim ao terraço, mesmo no topo da torre. 


Lá de cima, os visitantes que exploram o terraço do baluarte parecem muito pequenos...


... para não falar dos que atravessam o passadiço e que passeiam ali por perto...



Mas é a vista que vale realmente a pena, sobretudo perante os tons prateados que emanam do longo e tranquilo beijo entre o rio e o oceano, o beijo de dois amantes que se conhecem há muitos anos e que não concebem a vida sem o outro.




E é hora de partir. Isso implica descer todas aquelas escadas, mas apesar do medo das alturas que parece ter sido passado no sangue que corre nas nossas veias, valeu bem a pena revisitar a Torre, onde eu já não ia há uns bons doze anos.


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