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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Um jardim no inverno

Visitar um jardim no inverno pode não ser das coisas mais apelativas. Falta-lhe a cor fragrante dos canteiros e o consolo da sombra num dia quente. Muitas árvores estão despidas, algumas plantas ainda não se renovaram, enfim, falta-lhe aquela beleza mais clássica. A beleza das flores na primavera, dos frutos no verão e dos mantos de folhas secas no outono. Ainda assim, quando fui aqui não podia deixar de ir espreitar o Jardim Botânico da Ajuda.   

O que salta mais à vista é a sumptuosidade do espaço, não tivesse este sido um jardim para os reis, construído em três hectares e meio de terreno. As escadarias de pedra levam-nos ao nível inferior, com caminhos amplos e bem demarcados, separados por labirintos de sebes, sem entrada ou saída.


As fontes são elementos focais no jardim, uma simples, a outra - com quarenta e uma bicas - ricamente trabalhada com animais marinhos, reais e imaginários, a guardarem as suas águas.





A escadaria mais imponente leva-nos ao andar superior, onde se tem uma vista soberba sobre todo o jardim, vislumbrando-se lá ao longe o recortado agreste da ponte sobre o Tejo.




E nesse nível, também, quatro estufas, três delas com plantas no seu repouso de inverno, a outra albergando o Estufa Real, um emblemático restaurante da cidade. Estufas onde, numa tentativa de dinamizar o espaço, se fazem várias feiras e workshops de jardinagem. Cheira-me que vou experimentar um em breve...



Plantas de todas as partes do mundo crescem em canteiros, indiferentes aos gritos dos pavões que encontraram casa no meio de tantas árvores que singram  fora do seu habitat natural. E, no meio dos comuns pavões azuis, um não tão vulgar pavão branco, o primeiro que vi até hoje.
 

Uma árvore de tão grande diâmetro que precisa de suporte, lembrando aquela outra, magnífica, que nos acolhe no Jardim do Príncipe Real. 

 

E, para terminar, as poucas frutas que resistem ao inverno neste jardim marcado pela flora do mundo. 

 

No final de contas, terei que me retratar: estava enganada ao dizer que um jardim deixa de ser belo no inverno...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Gastronomia em Santa Clara


Muito tenho desabafado aqui sobre a minha tristeza por ver tantos espaços de Lisboa ao abandono. Por ver prédios degradados, ruas desertas e bairros vazios. Felizmente, há excepções e uma delas é o Mercado de Santa Clara, o mais antigo mercado coberto de Lisboa. 


Para além de as suas lojas exteriores albergarem inúmeras preciosidades, acolhe também o Centro das Artes Culinárias, resultante de uma parceria entre a Câmara de Lisboa e a associação 'As idades dos Sabores'. O propósito deste projecto é essencialmente preservar o nosso património gastronómico e essa grande arte que é a culinária. E vários são os meios usados para o efeito... 


... uma mostra de utensílios antigos, com uns ferros de queimar açúcar e umas formas de bolos absolutamente maravilhosos...


... uma venda de azeites, queijos, enlatados, frutos secos e outros como só Portugal sabe fazer, que nos encantam com as suas cores e grafismos que invocam outros tempos...







... e cursos de cozinha como o que lá me levou no último Domingo e que cativou também alguns passantes ocasionais, que acabaram por ficar para uma tarde bem passada. Às vezes bastam pequenas coisas para dinamizar um espaço que, tendo sido expurgado da sua função primordial, de outro modo estaria ao abandono. Seria uma pena, porque as suas paredes altas, os ferros forjados e o seu magnífico telhado sentem certamente saudades das bancas de frutas e legumes e, talvez, de peixe que por ali proliferaram em tempos idos. E nada como o elogio à comida para matar essas saudades... 


Mas é no exterior que se pode apreciar a beleza que advém da sua simplicidade. Em dias de Feira, as suas linhas são ofuscadas pela parafernália de objectos que se expõem à frente, nas traseiras e nas lojas laterais, mas no restante tempo ficam as sombras dos interiores das lojas e os reflexos nas suas portas envidraçadas. 

 

E nos arredores, para além do Panteão, o Jardim Botto Machado, um pequeno mas comprido jardim, inusitadamente decorado com croché de cores vivas nos ramos e nos troncos das árvores, dando-lhe um ar de jardim indígena, levando-nos a uma esplanada onde nos dá vontade de preguiçar horas a fio numa tarde de Domingo. 


E, como em qualquer jardim lisboeta que se preze, não poderia faltar uma boa jogatana de bisca lambida, para sossegar os ânimos e ajudar a passar a vida.



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